Foto https://literatura.inba.gob.mx/
FERNANDO NIETO CADENA
( EQUADOR )
( 1947-2017 )
Estudou literatura e psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Equador . Mais tarde trabalhou como professor de literatura e eventualmente como reitor na Universidade Técnica de Babahoyo .
Na década de 1970 ajudou a formar o grupo literário Sicoseo em Guayaquil , tomando como referência as oficinas ministradas por Miguel Donoso Pareja no México. O grupo incluía entre seus integrantes Fernando Artieda , Jorge Velasco Mackenzie , Jorge Martillo e Raúl Vallejo . A proposta estética do grupo, nas palavras de Vallejo, consistia em iniciar um processo de "dessacralização" da literatura por meio da adoção de dialetos e interesses populares (como o futebol ou os corredores ) como formas expressivas de retratar a realidade de setores rejeitados e oprimidos.
Em 1978 instalou-se no México , de onde só regressou duas vezes ao Equador. Durante sua passagem pelo México foi coordenador de oficinas literárias, além de trabalhar como professor no Centro de Estudos de Belas Artes.
Em 1989 ganhou o Prêmio Jorge Carrera Andrade , concedido pela prefeitura de Quito ao melhor livro de poesia do ano, pela coleção de poemas Los des(en)tierros del Caminante .
Faleceu no início de março de 2017 em sua casa em Villahermosa . Por morar sozinho e não ter família na cidade, seu corpo foi encontrado dias após sua morte. A embaixada do Equador no México realizou uma homenagem póstuma em sua homenagem, que contou com a participação de diversas personalidades da esfera cultural de Villahermosa.
Entre suas mais importantes coleções de poemas, destacam-se:
- Julgamentos do cego ao meio-dia (1971); Até a Morte até a Morte (1973); Logo de cara (1976); Prólogo para a introdução de uma elegia impossível a um gato balão (1977); Somos o negócio de muitas pessoas (1985); As Dis(en)terras do Walker (1989); Difícil com ela (1996).
Biografia extraída de https://es-m-wikipedia-org.translate.goog/
TEXTO EN ESPAÑOL - TEXTO EM PORTUGUÊS
POESIA SEMPRE. Minas Gerais. Número 1. Ano 1 Editor
Geral: Marco Lucchesi. Rio de Janeiro: MINISTÉRIO DA
CULTURA / Fundação BIBLIOTECA NACIONAL, 1993.
235 p. ISSN 0104-0626 No 09 500
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
Tema de Infancia
Te escribo como el niño que quizás nunca fui, que yo no
supe ser .
Confieso que he perdido el tiempo huyendo de fantasmas,
que hoy no puedo alcanzar la tarde aquella del primer beso
a los seis años
o la mañana de toros cuando daban la vuelta al ruedo unos
toreros.
Quito y Guayaquil no eran ciudades,
eran pedazos lentos de un viaje que nunca terminaba,
encontraba amigos que llegaban y venían como todos los
muertos.
¿Qué será de mi abuela?
Creo que no fui a su entierro, pero vi los carros, los vesti-
dos negros…
¿Por qué lloraban ellas, por qué no me dejaban jugar con
el tambor?
Ahora sé que estaba muerta y ya no importa jugar con el
tambor?
¡Las cosas que no te escribo!
Sé que mi infancia no puede ser útil
pero yo la recuerdo como un adiós en los ojos
o como los primeros golpes recibidos en la cara durante
una pelea.
¿Quiéres saber que un día tuve miedo de pasar bajo un
puente,
cómo me robaron unos zapatos nuevos,
del primo que nunca más he visto y fure a recogerme en
una emisora,
lo inútil que era con la plastilina en el jardín de infantes?
Aún no aprendía catecismo, por eso no te cuento cosas
tristes…
Si, quiero hablarte como el niño que no supe ser.
Miraba los lanchones, los buses, el reloj público,
el Royal Dumbar Circus (entonces ya podía deletrear los
letreros)
con sus payasos enanos y el globo de la muerte.
¿Dónde estuve cuando las ciruelas me hicieron daño,
cuando mi hermano iba a jugar a la casa del vecino…?
¿Dónde estuve, si hoy no estoy en ningún sitio?
A veces la infancia es el consuelo que me queda de
herencia.
Por eso voy siempre en soledad.
No sé si sea el lado absurdo de una historia
o el sabor amargo de la muerte,
por eso sí, humano hasta no poder más,
humano hasta en el niño que hoy te escribe y no pude
ser…
(De Tanteos de Ciego a mediodía)
TEXTO EM PORTUGUÊS
Tradução de Antonio Miranda
Tema de Infância
Te escrevo como o menino que talvez nunca fui, que eu
não soube ser.
Confesso que perdi tempo fugindo de fantasmas,
que hoje não posso alcançar a tarde aquela do primeiro
beijo aos seis anos
ou a manhã de touros quando davam a volta a arena uns
toureiros.
Quito e Guayaquil não eram cidades,
eram pedaços lentos de uma viagem que nunca terminava,
encontrava amigos que chegavam e vinham como todos
os mortos.
Que será de minha avó?
Creio que não fui ao seu enterro, mas vi os carros, os
vesti dos negros…
Por que elas choravam, por que não me deixavam jogar
com o tambor?
Agora sei que estava morta e já não importa jogar com o
tambor?
As cosas que não te escrevo!
Sei que minha infância não pode ser útil
mas eu a recordo como um adeus nos olhos
ou como os primeiros golpes recebidos na cara durante a
uma briga.
Queres saber que um dia tive medo de passar debaixo de
uma ponte,
como me roubaram uns sapatos novos,
do primo que nunca más eu vi e foi recolher-me numa
emissora,
o inútil que era com a plasticina no jardim de infância?
Ainda não aprendia catecismo, por isso não te conto coisas
tristes…
Sim, quero dizer-te como o menino que eu não soube ser.
Olhava as barcaças, os ônibus, o relógio público,
o Royal Dumbar Circus (então já podia borrar os letreiros)
com seus palhaços anões e o globo da morte.
Onde estive quando as ameixas me caíram mal,
quando me irmão ia jogar na casa do vizinho…?
Onde estive, se hoje não estou em lugar nenhum?
As vezes a infância é e o consolo que me resta de
herança.
Por isso vou sempre em solidão.
Não sei se é o lado absurdo de uma história
ou o sabor amargo da morte,
por isso sim, humano até não poder mais,
humano até no menino que hoje te escreve e que não
pude ser...
(De Tanteos de Ciego a mediodía)
*
VEJA e LEIA outros poetas do EQUADOR em nosso Portal:
http://www.antoniomiranda.com.br/Iberoamerica/ecuador/ecuador.html
Página publicada em agosto de 2024
|